Pesquisa da IBM desenvolve remédio

05/04/2011 09:05

Pesquisa da IBM desenvolve remédio

Ainda é preciso realizar mais experimentos para determinar o efeito da tecnologia em animais antes de ela ser testada em humanos

Cientistas da International Business Machines Corp. disseram que conseguiram criar um remédio microscópico que mostrou em tubos de ensaio a possibilidade de se tornar uma nova arma para combater bactérias com resistência a antibióticos.


Colaborando com cientistas do Instituto de Bioengenharia e Nanotecnologia de Cingapura, pesquisadores da IBM criaram uma nanopartícula que dizem ser capaz de localizar e destruir bactérias resistentes a antibióticos, como a Staphylococcus aureus resistente a meticilina, conhecida pela sigla em inglês MRSA, sem afetar as células sadias.

Ainda é preciso realizar mais experimentos para determinar o efeito da tecnologia em animais antes de ela ser testada em humanos. A IBM também precisa atrair o interesse de uma farmacêutica ou outra empresa interessada em desenvolvê-la para comercialização, então qualquer aplicação da tecnologia no mundo real provavelmente demorará anos.

Mas, se for bem-sucedida, a tecnologia pode criar uma nova estratégia para enfrentar um problema sanitário preocupante - o impacto crescente de bactérias perigosas que evoluíram para escapar dos efeitos dos antibióticos.

A nanopartícula é projetada com uma carga elétrica específica que é atraída por uma carga oposta na superfície da membrana da MRSA e de outras bactérias, disse James Hedrick, um dos cientistas da IBM que desenvolveu a tecnologia.

"É como se fosse o polo norte e o polo sul", disse Hedrick, descrevendo a atração quase magnética entre dois polos com cargas elétricas opostas. "As partículas rompem a membrana, gerando aberturas que esvaziam" a bactéria. Os pesquisadores acreditam que a destruição causada nas bactérias impede-as de criar resistência às nanopartículas.

A MRSA, bactéria encontrada na pele e comum em lugares como hospitais e academias de ginástica, mata cerca de 19.000 pessoas por ano nos Estados Unidos e provoca mais de 250.000 internações, segundo os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, conhecidos como CDC.

O medicamento advém do conhecimento da empresa na área de fabricação de semicondutores e é a mais recente iniciativa da gigante da tecnologia de aplicar sua habilidade em microchips para novos usos e se expandir para novos mercados.

A IBM pesquisa há décadas a nanotecnologia, que envolve a engenharia de partículas e eletrônicos em escala atômica. A empresa aplicou recentemente esses princípios - usados para criar semicondutores minúsculos e com alta velocidade - em novas áreas como purificação de água e reciclagem de plásticos. Agora ela tem aplicado esses princípios à medicina.

"Acabamos descobrindo várias maneiras de controlar materiais em nível molecular enquanto construíamos aparelhos microeletrônicos", disse Hedrick. "Muito disso pode ser transferido diretamente para várias outras áreas."

A IBM tem se beneficiado da investida em negócios mais complexos e com alta margem de lucro. Ela tem investido pesadamente em áreas como mercados emergentes e análise de negócios - algo que a ajudou a divulgar resultado financeiro recorde em 2010.

A IBM não planeja entrar na indústria farmacêutica, mas conta com parcerias e o licenciamento da tecnologia para ajudá-la a expandir suas fontes de receita. A empresa gera cerca de US$ 1 bilhão por ano licenciando suas patentes.

Fonte: Ron Winslow e Shara Tibken, The Wall Street Journal Valor Econômico -04/04/2011