Cientistas descobriram novos cinco genes associados à doença de Alzheimer. Um dado interessante da pesquisa é a comprovação de que pessoas com colesterol alto e inflamação de vasos no cérebro são mais propensas a sofrer desse mal. Com o resultado desta investigação, já chega a dez o número de genes relacionados ao Alzheimer, todos identificados nos últimos anos. Os dados abrem caminhos para traçar novas estratégias contra a demência, incluindo o desenvolvimento de fármacos para frear ou evitar a morte dos neurônios no cérebro.
Em dois estudos independentes, publicados na revista “Nature Genetics”, 300 cientistas analisaram os genomas (a informação hereditária de um organismo codificada em seu DNA) de 54 mil pessoas, com e sem Alzheimer, nos Estados Unidos e na Europa. O foco principal deles é a doença de manifestação tardia, que aparece em indivíduos com mais de 65 anos e corresponde a 90% dos casos.
Os cinco novos genes descobertos (MS4A, ABCA7, CD33, EPHA1 e CD2AP) somam-se a outros descritos anteriormente: CLU, PICALM, CRI, BIN1 e APOE. Este último, também envolvido no metabolismo do colesterol, eleva muito o risco de sofrer de Alzheimer.
— Se fosse possível eliminar os efeitos negativos de todas as dez variantes dos genes, seriam prevenidos 60% a 80% dos casos dessa
forma de demência incurável — afirma Julie Williams, do Centro de Genética e Genômica Neuropsiquiátricas da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, e líder de um grupo de pesquisadores.
Os autores dizem que os novos genes marcam diferenças específicas em portadores de Alzheimer, incluindo variações no sistema imunológico e na forma como o cérebro controla o colesterol e outras gorduras no organismo. Durante anos os cientistas desconfiavam que altos níveis de colesterol e a inflamação no cérebro favorecem o aparecimento de Alzheimer. Agora a pesquisa genética parece reforçar esta linha de pensamento.
A investigação é a maior já realizada sobre a origem da doença de Alzheimer. Tanto que o médico Michael Boehnk, professor da niversidade
de Michigan, declarou ao jornal “The New York Times” que a associação dos novos genes à doença é uma “evidência muito, muito forte”. Gerard Schellenberg, pesquisador da Universidade da Pensilvânia e principal autor de um dos projetos, afirma que, certamente, há outros genes envolvidos no Alzheimer e que eles ainda precisam ser identificados.
Ainda segundo os cientistas que participaram desse trabalho, os novos genes sugerem um novo processo relacionado ao desenvolvimento da doença: a endocitose, o mecanismo no qual as células vivas absorvem material; moléculas, pedaços de detritos ou outras células. No Alzheimer, haveria dificuldade para eliminar as proteínas tóxicas do cérebro.
Fonte: O Globo-05/04/2011