Mundo vive epidemia oculta de tuberculose resistente a remédios
Mundo vive epidemia oculta de tuberculose resistente a remédios
Um iceberg de tuberculose resistente a tratamento pode estar debaixo da superfície da epidemia da doença no mundo, em especial na África.
O número de novos casos de tuberculose no mundo está caindo devagar, em torno de 1% ao ano. De acordo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o número de casos de tuberculose resistente a medicamentos (conhecida pela sigla MDR-TB) é muito maior do que o conhecido hoje. A OMS estima que só 12% (30 mil) dos casos dessa versão da doença foram reconhecidos em 2009. Menos de 5% receberam tratamento adequado.
DIAGNÓSTICO
Na África, continente mais afetado pela tuberculose, só 22 de 46 países têm dados sobre a forma resistente da doença. Assim, o número de casos pode ser bem maior. A combinação de tuberculose com HIV é particularmente letal na África. A doença, que afeta o pulmão e é causada por uma bactéria (bacilo de Koch), é um típico mal da pobreza que afeta mais adultos jovens, prejudicando ainda mais a economia de países pobres. A forma resistente de tuberculose é causada por uma bactéria imune aos antibióticos mais usados (isoniazida e rifampicina).
O tratamento é feito com drogas mais caras, mais tóxicas e por mais tempo (até dois anos, em vez dos usuais seis meses). Só os remédios custam de 50 a 200 vezes mais. Em 2009, cerca de 3,3% dos novos casos de tuberculose eram de MDR-TB. Os dados mais recentes, de dezembro de 2010, informam que 69 países, inclusive o Brasil, tiveram casos de MDR-TB.
TRATAMENTO
O Global Fund to Fight AIDS, Tuberculosis and Malaria (Fundo Global para o Combate à Aids, Tuberculose e Malária), com sede na Suíça, tem financiado o combate à doença em países pobres. Recursos do fundo, que vêm de governos e instituições privadas, pagaram 14 mil tratamentos de tuberculose resistente em 2009 -60% do total mundial, de 23 mil. A Tanzânia é um dos 22 países com altos índices de tuberculose. Há poucos casos de MDR-TB, mas a prevalência baixa pode estar mascarada por falta de diagnóstico.
Fonte: RICARDO BONALUME NETO Folha de S.Paulo-21/05/2011